16. Com a ideia de que a atividade e a cooperação individuais
na obra geral da civilização se limitam à vida presente,
que, antes, a criatura nada foi e nada será depois, em
que interessa ao homem o progresso ulterior da humanidade?
Que lhe importa que no futuro os povos sejam mais
bem governados, mais ditosos, mais esclarecidos, melhores
uns para com os outros? Não fica perdido para ele todo
o progresso, pois que deste nenhum proveito tirará? De que
lhe serve trabalhar para os que hão de vir depois, se nunca
lhe será dado conhecê-los, se os seus pósteros serão criaturas
novas, que pouco depois voltarão por sua vez ao nada?
Sob o domínio da negação do futuro individual, tudo forçosamente
se amesquinha às insignificantes proporções do
momento e da personalidade.
Entretanto, que amplitude, ao contrário, dá ao pensamento
do homem a certeza da perpetuidade do seu ser espiritual!
Que de mais racional, de mais grandioso, de mais
digno do Criador do que a lei segundo a qual a vida espiritual
e a vida corpórea são apenas dois modos de existência,
que se alternam para a realização do progresso! Que de
mais justo há e de mais consolador do que a ideia de estarem
os mesmos seres a progredir incessantemente, primeiro,
através das gerações de um mesmo mundo, de mundo
em mundo depois, até à perfeição, sem solução de continuidade!
Todas as ações têm, então, uma finalidade, porquanto,
trabalhando para todos, cada um trabalha para si e reciprocamente,
de sorte que nunca se podem considerar
infecundos nem o progresso individual, nem o progresso
coletivo. De ambos esses progressos aproveitarão as gerações e as individualidades porvindouras, que outras não
virão a ser senão as gerações e as individualidades
passadas, em mais alto grau de adiantamento.