10. Só os Espíritos puros recebem a palavra de Deus com a
missão de transmiti-la; mas, sabe-se hoje que nem todos
os Espíritos são perfeitos e que existem muitos que se apresentam
sob falsas aparências, o que levou S. João a dizer:
“Não acrediteis em todos os Espíritos; vede antes se os
Espíritos são de Deus.” (Epíst. 1.ª, 4:4.) Pode, pois, haver revelações sérias e verdadeiras como
as há apócrifas e mentirosas. O caráter essencial da revelação divina é o da eterna verdade. Toda revelação eivada de
erros ou sujeita a modificação não pode emanar de Deus. É
assim que a lei do Decálogo tem todos os caracteres de sua
origem, enquanto que as outras leis moisaicas, fundamentalmente
transitórias, muitas vezes em contradição com a
lei do Sinai, são obra pessoal e política do legislador hebreu.
Com o abrandarem-se os costumes do povo, essas leis por
si mesmas caíram em desuso, ao passo que o Decálogo ficou
sempre de pé, como farol da humanidade. O Cristo fez
dele a base do seu edifício, abolindo as outras leis. Se estas
fossem obra de Deus, seriam conservadas intactas. O Cristo
e Moisés foram os dois grandes reveladores que mudaram
a face do mundo e nisso está a prova da sua missão
divina. Uma obra puramente humana careceria de tal poder.