12. Quanto aos cometas, estamos hoje perfeitamente tranquilizados com relação à
influência que exercem, mais salutar do que nociva, por parecerem eles destinados a
reabastecer os mundos, se assim nos podemos exprimir, trazendo-lhes os princípios
vitais que eles armazenam em sua corrida pelo espaço e com o se aproximarem dos
sóis. Assim, pois, seriam antes fontes de prosperidades, do que mensageiros de
desgraças.
A natureza fluídica, já bem comprovada (cap. VI, n.o 28 e seguintes), que
lhes é própria afasta todo receio de choques violentos, porquanto, se um deles
encontrasse a Terra, esta o atravessaria, como se passasse através de um nevoeiro.
Ainda menos de temer é a cauda que arrastam, visto que essa mais não é do
que a reflexão da luz solar na imensa atmosfera que os envolve, tanto assim que se
mostra constantemente dirigida para o lado oposto ao Sol, mudando de direção
conformemente à posição deste astro. Essa matéria gasosa também poderia, em
virtude da rapidez com que eles caminham, constituir uma espécie de cabeleira, semelhante à esteira deixada por um navio em marcha, ou à fumaça de uma
locomotiva. Aliás, muitos cometas já se têm aproximado da Terra, sem lhe causarem
qualquer dano. Em virtude das suas respectivas densidades, a Terra exerceria sobre o
cometa uma atração maior do que a dele sobre ela. Somente uns restos de velhos
preconceitos podem fazer que a presença de um cometa inspire terror.*
* O cometa de 1861 atravessou a órbita da Terra num ponto do qual esta se achava a uma distância de
apenas 20 horas. A Terra esteve, portanto, mergulhada na atmosfera dele, sem que daí resultasse nenhum
acidente.