4. A química, cujos progressos foram tão rápidos depois
da minha época, em a qual seus próprios adeptos ainda a
relegavam para o domínio secreto da magia; ciência que se
pode considerar, com justiça, filha do século da observação
e baseada unicamente, de maneira bem mais sólida do que
suas irmãs mais velhas, no método experimental; a química, digo, fez tábua rasa dos quatro elementos primitivos
que os antigos concordaram em reconhecer na natureza;
mostrou que o elemento terrestre mais não é do que a combinação de diversas substâncias variadas ao infinito; que o
ar e a água são igualmente decomponíveis e produtos
de certo número de equivalentes de gás; que o fogo, longe de
ser também um elemento principal, é apenas um estado da
matéria, resultante do movimento universal a que esta se
acha submetida e de uma combustão sensível ou latente. Em compensação, fez surgir considerável número de
princípios, até então desconhecidos, que lhe pareceram formar, por determinadas combinações, as diversas substâncias, os diversos corpos que ela estudou e que atuam
simultaneamente, segundo certas leis e em certas proporções, nos trabalhos que se realizam dentro do grande laboratório da natureza. Deu a esses princípios o nome de
corpos simples, indicando de tal modo que os considera
primitivos e indecomponíveis e que nenhuma operação, até
hoje, pôde reduzi-los a frações relativamente mais simples
do que eles próprios.*
* Os principais corpos simples são: entre os não-metálicos, o oxigênio,
o hidrogênio, o azoto, o cloro, o carbono, o fósforo, o enxofre, o iodo;
entre os metálicos, o ouro, a prata, a platina, o mercúrio, o chumbo,
o estanho, o zinco, o ferro, o cobre, o arsênico, o sódio, o potássio,
o cálcio, o alumínio, etc.