45. A primeira revelação teve a sua personificação em Moisés,
a segunda no Cristo; a terceira não na tem em indivíduo
algum. As duas primeiras foram individuais; a terceira é coletiva; e aí está um caráter essencial de grande importância.
Ela é coletiva no sentido de não ser feita ou dada como
privilégio a pessoa alguma; ninguém, por consequência, pode
inculcar-se como seu profeta exclusivo; foi espalhada
simultaneamente, por sobre a Terra, a milhões de pessoas,
de todas as idades e condições, desde a mais baixa até a
mais alta da escala, conforme esta predição registrada pelo
autor dos Atos dos Apóstolos: “Nos últimos tempos, disse o
Senhor, derramarei o meu espírito sobre toda a carne; os
vossos filhos e filhas profetizarão, os mancebos terão
visões, e os velhos, sonhos.” (Atos, 2:17–18.) Ela não
proveio de nenhum culto especial, a fim de servir um dia, a
todos, de ponto de ligação.*
* O nosso papel pessoal, no grande movimento de ideias que se prepara
pelo Espiritismo, e que começa a operar-se, é o de um observador
atento, que estuda os fatos para lhes descobrir a causa e tirar-lhes as consequências. Confrontamos todos os que nos têm sido
possível reunir, comparamos e comentamos as instruções dadas
pelos Espíritos em todos os pontos do globo e depois coordenamos
metodicamente o conjunto; em suma, estudamos e demos ao público o fruto das nossas indagações, sem atribuirmos aos nossos
trabalhos valor maior do que o de uma obra filosófica deduzida da
observação e da experiência, sem nunca nos considerarmos chefe
da doutrina, nem procurarmos impor as nossas ideias a quem quer
que seja. Publicando-as, usamos de um direito comum, e aqueles
que as aceitaram o fizeram livremente. Se essas ideias acharam
numerosas simpatias, é porque tiveram a vantagem de corresponder
às aspirações de avultado número de criaturas, mas disso não
colhemos vaidade alguma, dado que a sua origem não nos pertence.
O nosso maior mérito é a perseverança e a dedicação à causa
que abraçamos. Em tudo isso, fizemos o que outro qualquer poderia
ter feito como nós, razão pela qual nunca tivemos a pretensão
de nos julgarmos profeta ou messias, nem, ainda menos, de nos
apresentarmos como tal.