8. Todas as religiões tiveram seus reveladores e estes, embora
longe estivessem de conhecer toda a verdade, tinham
uma razão de ser providencial, porque eram apropriados ao
tempo e ao meio em que viviam, ao caráter particular dos
povos a quem falavam e aos quais eram relativamente
superiores. Apesar dos erros das suas doutrinas, não deixaram de
agitar os espíritos e, por isso mesmo, de semear os germens
do progresso, que mais tarde haviam de desenvolver-se, ou
se desenvolverão à luz brilhante do Cristianismo. É, pois, injusto se lhes lance anátema em nome da
ortodoxia, porque dia virá em que todas essas crenças tão
diversas na forma, mas que repousam realmente sobre um
mesmo princípio fundamental — Deus e a imortalidade da
alma, se fundirão numa grande e vasta unidade, logo que a
razão triunfe dos preconceitos. Infelizmente, as religiões hão sido sempre instrumentos
de dominação; o papel de profeta há tentado as ambições secundárias e tem-se visto surgir uma multidão de
pretensos reveladores ou messias, que, valendo-se do
prestígio deste nome, exploram a credulidade em proveito
do seu orgulho, da sua ganância, ou da sua indolência,
achando mais cômodo viver à custa dos iludidos. A religião
cristã não pôde evitar esses parasitas. A tal propósito, chamamos particularmente a atenção
para o capítulo XXI de
O Evangelho segundo o Espiritismo, “Haverá falsos Cristos e falsos profetas”.