4. O Espiritismo, pois, vem, a seu turno, fazer o que cada
ciência fez no seu advento: revelar novas leis e explicar,
conseguintemente, os fenômenos compreendidos na alçada
dessas leis.
Esses fenômenos, é certo, se prendem à existência dos
Espíritos e à intervenção deles no mundo material e isso é,
dizem, o em que consiste o sobrenatural. Mas, então, fora
mister se provasse que os Espíritos e suas manifestações
são contrárias às leis da natureza; que aí não há, nem pode
haver, a ação de uma dessas leis.
O Espírito mais não é do que a alma sobrevivente ao
corpo; é o ser principal, pois que não morre, ao passo que o
corpo é simples acessório sujeito à destruição. Sua existência,
portanto, é tão natural depois, como durante a encarnação;
está submetido às leis que regem o princípio espiritual,
como o corpo o está às que regem o princípio material;
mas, como estes dois princípios têm necessária afinidade,
como reagem incessantemente um sobre o outro, como da
ação simultânea deles resultam o movimento e a harmonia
do conjunto, segue-se que a espiritualidade e a materialidade
são duas partes de um mesmo todo, tão natural uma
quanto a outra, não sendo, pois, a primeira uma exceção,
uma anomalia na ordem das coisas.