2. O fluido cósmico universal é, como já foi demonstrado, a
matéria elementar primitiva, cujas modificações e transformações
constituem a inumerável variedade dos corpos
da natureza. (Cap. X.) Como princípio elementar do universo,
ele assume dois estados distintos: o de eterização ou
imponderabilidade, que se pode considerar o primitivo estado
normal, e o de materialização ou de ponderabilidade,
que é, de certa maneira, consecutivo àquele. O ponto intermédio
é o da transformação do fluido em matéria tangível.
Mas, ainda aí, não há transição brusca, porquanto podem
considerar-se os nossos fluidos imponderáveis como termo
médio entre os dois estados. (Cap. IV, n.
os 10 e seguintes.)
Cada um desses dois estados dá lugar, naturalmente,
a fenômenos especiais: ao segundo pertencem os do mundo
visível e ao primeiro os do mundo invisível. Uns, os chamados
fenômenos materiais, são da alçada da ciência propriamente
dita, os outros, qualificados de fenômenos
espirituais ou psíquicos, porque se ligam de modo especial
à existência dos Espíritos, cabem nas atribuições do Espiritismo.
Como, porém, a vida espiritual e a vida corporal
se acham incessantemente em contato, os fenômenos
das duas categorias muitas vezes se produzem simultaneamente.
No estado de encarnação, o homem somente
pode perceber os fenômenos psíquicos que se prendem à
vida corpórea; os do domínio espiritual escapam aos sentidos materiais e só podem ser percebidos no estado de
Espírito.*
* A denominação de fenômeno psíquico exprime com mais exatidão
o pensamento, do que a de fenômeno espiritual, dado que esses
fenômenos repousam sobre as propriedades e os atributos da alma,
ou, melhor, dos fluidos perispiríticos, inseparáveis da alma. Esta
qualificação os liga mais intimamente à ordem dos fatos naturais
regidos por leis; pode-se, pois, admiti-los como efeitos psíquicos,
sem os admitir a título de milagres.