19. Até aqui, porém, temos guardado silêncio sobre o mundo espiritual, que também faz parte da criação e cumpre
seus destinos conforme as augustas prescrições do Senhor. Acerca do modo da criação dos Espíritos, entretanto,
não posso ministrar mais que um ensino muito restrito,
em virtude da minha própria ignorância e também porque
tenho ainda de calar-me no que concerne a certas
questões, se bem já me haja sido dado aprofundá-las. Aos que desejem religiosamente conhecer e se mostrem humildes perante Deus, direi, rogando-lhes, todavia,
que nenhum sistema prematuro baseiem nas minhas palavras, o seguinte: O Espírito não chega a receber a iluminação divina, que lhe dá, simultaneamente com o livre-arbítrio e a consciência, a noção de seus altos destinos, sem
haver passado pela série divinamente fatal dos seres inferiores, entre os quais se elabora lentamente a obra da sua
individualização. Unicamente a datar do dia em que o Senhor lhe imprime na fronte o seu tipo augusto, o Espírito
toma lugar no seio das humanidades. De novo peço: não construais sobre as minhas palavras os vossos raciocínios, tão tristemente célebres na história da Metafísica. Eu preferiria mil vezes calar-me sobre
tão elevadas questões, tão acima das nossas meditações
ordinárias, a vos expor a desnaturar o sentido de meu ensino e a vos lançar, por culpa minha, nos inextricáveis dédalos
do deísmo ou do fatalismo.