11. Estas palavras: conhecendo em si mesmo a virtude que
dele saíra, são significativas. Exprimem o movimento fluídico
que se operara de Jesus para a doente; ambos experimentaram
a ação que acabara de produzir-se. É de notar-se
que o efeito não foi provocado por nenhum ato da vontade
de Jesus; não houve magnetização, nem imposição das mãos.
Bastou a irradiação fluídica normal para realizar a cura.
Mas, por que essa irradiação se dirigiu para aquela
mulher e não para outras pessoas, uma vez que Jesus não
pensava nela e tinha a cercá-lo a multidão?
É bem simples a razão. Considerado como matéria terapêutica,
o fluido tem que atingir a matéria orgânica, a
fim de repará-la; pode então ser dirigido sobre o mal pela
vontade do curador, ou atraído pelo desejo ardente, pela
confiança, numa palavra: pela fé do doente. Com relação à
corrente fluídica, o primeiro age como uma bomba calcante
e o segundo como uma bomba aspirante. Algumas vezes, é
necessária a simultaneidade das duas ações; doutras, basta
uma só. O segundo caso foi o que ocorreu na circunstância
de que tratamos.
Razão, pois, tinha Jesus para dizer: Tua fé te salvou.
Compreende-se que a fé a que ele se referia não é uma
virtude mística, qual a entendem muitas pessoas, mas uma
verdadeira força atrativa, de sorte que aquele que não a
possui opõe à corrente fluídica uma força repulsiva, ou,
pelo menos, uma força de inércia, que paralisa a ação. Assim
sendo, também, se compreende que, apresentando-se
ao curador dois doentes da mesma enfermidade, possa um ser curado e outro não. É este um dos mais importantes
princípios da mediunidade curadora e que explica certas
anomalias aparentes, apontando-lhes uma causa muito
natural. (Cap. XIV, n.
os 31, 32 e 33.)