42. Demais, se se considerar o poder moralizador do Espiritismo,
pela finalidade que assina a todas as ações da vida,
por tornar quase tangíveis as consequências do bem e do
mal, pela força moral, a coragem e as consolações que dá
nas aflições, mediante inalterável confiança no futuro, pela
ideia de ter cada um perto de si os seres a quem amou, a
certeza de os rever, a possibilidade de confabular com eles;
enfim, pela certeza de que tudo quanto se fez, quanto se
adquiriu em inteligência, sabedoria, moralidade, até à última
hora da vida, não fica perdido, que tudo aproveita ao
adiantamento do Espírito, reconhece-se que o Espiritismo
realiza todas as promessas do Cristo a respeito do
Consolador anunciado. Ora, como é o Espírito de Verdade
que preside ao grande movimento da regeneração, a promessa
da sua vinda se acha por essa forma cumprida,
porque, de fato, é ele o verdadeiro Consolador.*
* Muitos pais deploram a morte prematura dos filhos, para cuja educação
fizeram grandes sacrifícios, e dizem consigo mesmos que tudo
foi em pura perda. À luz do Espiritismo, porém, não lamentam esses
sacrifícios e estariam prontos a fazê-los, mesmo tendo a certeza
de que veriam morrer seus filhos, porque sabem que se estes não a
aproveitam na vida presente, essa educação servirá, primeiro que tudo, para o seu adiantamento espiritual; e, mais, que serão aquisições
novas para outra existência e que, quando voltarem a este
mundo, terão um patrimônio intelectual que os tornará mais aptos
a adquirirem novos conhecimentos.
Tais essas crianças que trazem, ao nascer, ideias inatas — que
sabem, por assim dizer, sem precisarem aprender.
Se os pais não têm a satisfação imediata de ver os filhos aproveitarem
da educação que lhes deram, gozá-la-ão certamente mais
tarde, quer como Espíritos, quer como homens. Talvez sejam eles
de novo os pais desses mesmos filhos, que se apontam como afortunadamente
dotados pela natureza e que devem as suas aptidões a
uma educação precedente; assim também, se os filhos se desviam
para o mal, pela negligência dos pais, estes podem vir a sofrer mais
tarde desgostos e pesares que aqueles suscitarão em nova existência.
(
O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. V, n.º 21, “Mortes prematuras”.)