55. Um último caráter da revelação espírita, a ressaltar das
condições mesmas em que ela se produz, é que, apoiando-se
em fatos, tem que ser, e não pode deixar de ser, essencialmente
progressiva, como todas as ciências de observação.
Pela sua substância, alia-se à ciência que, sendo a exposição das leis da natureza, com relação a certa ordem de
fatos, não pode ser contrária às leis de Deus, autor daquelas
leis. As descobertas que a ciência realiza, longe de o rebaixarem,
glorificam a Deus; unicamente destroem o que os homens
edificaram sobre as falsas ideias que formaram de Deus.
O Espiritismo, pois, não estabelece como princípio absoluto
senão o que se acha evidentemente demonstrado, ou o
que ressalta logicamente da observação. Entendendo com todos
os ramos da economia social, aos quais dá o apoio das
suas próprias descobertas, assimilará sempre todas as doutrinas
progressivas, de qualquer ordem que sejam, desde que
hajam assumido o estado de verdades práticas e abandonado
o domínio da utopia, sem o que ele se suicidaria. Deixando de
ser o que é, mentiria à sua origem e ao seu fim providencial.
Caminhando de par com o progresso, o Espiritismo jamais
será ultrapassado, porque, se novas descobertas lhe demonstrassem
estar em erro acerca de um ponto qualquer, ele se
modificaria nesse ponto. Se uma verdade nova se revelar,
ele a aceitará. *
* Diante de declarações tão nítidas e tão categóricas, quais as que se
contêm neste capítulo, caem por terra todas as alegações de tendências
ao absolutismo e à autocracia dos princípios, bem como
todas as falsas assimilações que algumas pessoas prevenidas ou
mal informadas emprestam à doutrina. Não são novas, aliás, estas
declarações; temo-las repetido muitíssimas vezes nos nossos escritos,
para que nenhuma dúvida persista a tal respeito. Elas, ao
demais, assinalam o verdadeiro papel que nos cabe, único que
ambicionamos: o de mero trabalhador.