1. Os fatos que o Evangelho relata e que foram até hoje
considerados milagrosos pertencem, na sua maioria, à ordem
dos fenômenos psíquicos, isto é, dos que têm como
causa primária as faculdades e os atributos da alma. Confrontando-os com os que ficaram descritos e explicados no
capítulo precedente, reconhecer-se-á sem dificuldade que
há entre eles identidade de causa e de efeito. A História
registra outros análogos, em todos os tempos e no seio de
todos os povos, pela razão de que, desde que há almas encarnadas
e desencarnadas, os mesmos efeitos forçosamente
se produziram. Pode-se, é certo, contestar, no que
concerne a este ponto, a veracidade da História; mas, hoje,
eles se produzem às nossas vistas e, por assim dizer, à vontade
e por indivíduos que nada têm de excepcionais. O só
fato da reprodução de um fenômeno, em condições idênticas,
basta para provar que ele é possível e se acha submetido
a uma lei, não sendo, portanto, miraculoso.
O princípio dos fenômenos psíquicos repousa, como já
vimos, nas propriedades do fluido perispiritual, que constitui
o agente magnético; nas manifestações da vida espiritual
durante a vida corpórea e depois da morte; e, finalmente,
no estado constitutivo dos Espíritos e no papel que
eles desempenham como força ativa da natureza. Conhecidos
estes elementos e comprovados os seus efeitos, tem-se,
como consequência, de admitir a possibilidade de certos
fatos que eram rejeitados enquanto se lhes atribuía uma
origem sobrenatural.