51. Tendo sido os elementos da revelação espírita ministrados
simultaneamente em muitos pontos, a homens de
todas as condições sociais e de diversos graus de instrução, é claro que as observações não podiam ser feitas em
toda parte com o mesmo resultado; que as consequências a
tirar, a dedução das leis que regem esta ordem de fenômenos,
em suma, a conclusão sobre que haviam de firmar-se
as ideias não podiam sair senão do conjunto e da correlação dos fatos. Ora, cada centro isolado, circunscrito dentro
de um círculo restrito, não vendo as mais das vezes senão
uma ordem particular de fatos, não raro contraditórios na
aparência, geralmente provindo de uma mesma categoria
de Espíritos e, ao demais, embaraçados por influências locais
e pelo espírito de partido, se achava na impossibilidade
material de abranger o conjunto e, por isso mesmo, incapaz
de conjugar as observações isoladas a um princípio
comum. Apreciando cada qual os fatos sob o ponto de vista
dos seus conhecimentos e crenças anteriores, ou da opinião
especial dos Espíritos que se manifestassem, bem cedo
teriam surgido tantas teorias e sistemas, quantos fossem
os centros, todos incompletos por falta de elementos de
comparação e exame. Numa palavra, cada qual se teria
imobilizado na sua revelação parcial, julgando possuir toda
a verdade, ignorando que em cem outros lugares se
obtinha mais ou melhor.