47. Na obsessão, o Espírito atua exteriormente, com a ajuda
do seu perispírito, que ele identifica com o do encarnado,
ficando este afinal enlaçado por uma como teia e constrangido
a proceder contra a sua vontade.
Na possessão, em vez de agir exteriormente, o Espírito
atuante se substitui, por assim dizer, ao Espírito encarnado;
toma-lhe o corpo para domicílio, sem que este, no entanto,
seja abandonado pelo seu dono, pois que isso só se
pode dar pela morte. A possessão, conseguintemente, é sempre
temporária e intermitente, porque um Espírito desencarnado
não pode tomar definitivamente o lugar de um encarnado,
pela razão de que a união molecular do perispírito
e do corpo só se pode operar no momento da concepção.
(Cap. XI, n.º 18.)
De posse momentânea do corpo do encarnado, o Espírito se serve dele como se seu próprio fora: fala pela sua
boca, vê pelos seus olhos, opera com seus braços, conforme
o faria se estivesse vivo. Não é como na mediunidade
falante, em que o Espírito encarnado fala transmitindo o
pensamento de um desencarnado; no caso da possessão é
mesmo o último que fala e obra; quem o haja conhecido em
vida, reconhece-lhe a linguagem, a voz, os gestos e até a
expressão da fisionomia.