17. Mas, a religião, dizem, se apoia em fatos que nem explicados,
nem explicáveis são. Inexplicados, talvez; inexplicáveis, é questão muito outra. Que sabe o homem das des
cobertas e dos conhecimentos que o futuro lhe reserva?
Sem falar do milagre da criação, o maior de todos sem contestação
possível, já pertencente ao domínio da lei universal,
não vemos reproduzirem-se hoje, sob o império do magnetismo,
do sonambulismo, do Espiritismo, os êxtases, as
visões, as aparições, as percepções a distância, as curas
instantâneas, as suspensões, as comunicações orais e outras
com os seres do mundo invisível, fenômenos esses conhecidos
desde tempos imemoráveis, tidos outrora por maravilhosos
e que presentemente se demonstra pertencerem
à ordem das coisas naturais, de acordo com a lei constitutiva
dos seres? Os livros sagrados estão cheios de fatos desse
gênero, qualificados de sobrenaturais; como, porém, outros
análogos e ainda mais maravilhosos se encontram em
todas as religiões pagãs da antiguidade, se a veracidade de
uma religião dependesse do número e da natureza de tais
fatos, não se saberia dizer qual a que devesse prevalecer.