14. O corpo, conseguintemente, não passa de um envoltório destinado a receber o
Espírito. Desde então, pouco importam a sua origem e os materiais que entraram na
sua construção. Seja ou não o corpo do homem uma criação especial, o que não
padece dúvida é que tem a formá-lo os mesmos elementos que o dos animais, a
animá-lo o mesmo princípio vital, ou, por outra, a aquecê-lo o mesmo fogo, como
tem a iluminá-lo a mesma luz e se acha sujeito às mesmas vicissitudes e às mesmas
necessidades. É um ponto este que não sofre contestação.
A não se considerar, pois, senão a matéria, abstraindo do Espírito, o homem
nada tem que o distinga do animal. Tudo, porém, muda de aspecto, logo que se
estabelece distinção entre a habitação e o habitante.
Ou numa choupana, ou envergando as vestes de um campônio, um nobre
senhor não deixa de o ser. O mesmo se dá com o homem: não é a sua vestidura de
carne que o coloca acima do bruto e faz dele um ser à parte; é o seu ser espiritual, seu Espírito.