13. De duas maneiras se opera, como já o dissemos, a marcha
progressiva da humanidade: uma, gradual, lenta, imperceptível,
se se considerarem as épocas consecutivas, a
traduzir-se por sucessivas melhoras nos costumes, nas leis,
nos usos, melhoras que só com a continuação se podem
perceber, como as mudanças que as correntes d’água ocasionam
na superfície do globo; a outra, por movimentos
relativamente bruscos, semelhantes aos de uma torrente
que, rompendo os diques que a continham, transpõe nalguns
anos o espaço que levaria séculos a percorrer. É, então,
um cataclismo moral que traga em breves instantes as
instituições do passado e ao qual sobrevém uma nova ordem
de coisas que pouco a pouco se estabiliza, à medida
que se restabelece a calma, e que acaba por se tornar
definitiva.
Àquele que viva bastante para abranger com a vista as
duas vertentes da nova fase, parecerá que um mundo novo
surgiu das ruínas do antigo. O caráter, os costumes, os
usos, tudo está mudado. É que, com efeito, surgiram
homens novos, ou, melhor, regenerados. As ideias, que a
geração que se extinguiu levou consigo, cederam lugar
a ideias novas que desabrocham com a geração que se
ergue.