Numerosas curas operadas por Jesus.
26. Jesus ia por toda a Galileia, ensinando nas sinagogas, pregando
o Evangelho do reino e curando todos os langores e todas
as enfermidades no meio do povo. — Tendo-se a sua reputação
espalhado por toda a Síria; traziam-lhe os que estavam doentes e
afligidos por dores e males diversos, os possessos, os lunáticos,
os paralíticos e ele a todos curava. — Acompanhava-o grande
multidão de povo da Galileia, de Decápolis, de Jerusalém, da
Judeia e de além Jordão. (S. Mateus, 4:23–25.)
27. De todos os fatos que dão testemunho do poder de Jesus,
os mais numerosos são, não há contestar, as curas.
Queria ele provar dessa forma que o verdadeiro poder é o
daquele que faz o bem; que o seu objetivo era ser útil e não
satisfazer à curiosidade dos indiferentes, por meio de
coisas extraordinárias.
Aliviando os sofrimentos, prendia a si as criaturas pelo
coração e fazia prosélitos mais numerosos e sinceros, do
que se apenas os maravilhasse com espetáculos para os
olhos. Daquele modo, fazia-se amado, ao passo que se se
limitasse a produzir surpreendentes fatos materiais, conforme
os fariseus reclamavam, a maioria das pessoas não
teria visto nele senão um feiticeiro, ou um mágico hábil,
que os desocupados iriam apreciar para se distraírem.
Assim, quando João Batista manda, por seus discípulos,
perguntar-lhe se ele era o Cristo, a sua resposta não
foi: “Eu o sou”, como qualquer impostor houvera podido
dizer. Tampouco lhes fala de prodígios, nem de coisas maravilhosas;
responde-lhes simplesmente: “Ide dizer a João:
os cegos veem, os doentes são curados, os surdos ouvem, o
Evangelho é anunciado aos pobres.” O mesmo era que dizer:
“Reconhecei-me pelas minhas obras; julgai da árvore
pelo fruto”, porquanto era esse o verdadeiro caráter da sua
missão divina.
28. O Espiritismo, igualmente, pelo bem que faz é que prova
a sua missão providencial. Ele cura os males físicos,
mas cura, sobretudo, as doenças morais e são esses os
maiores prodígios que lhe atestam a procedência. Seus mais
sinceros adeptos não são os que se sentem tocados pela observação de fenômenos extraordinários, mas os que dele
recebem a consolação para suas almas; os a quem liberta
das torturas da dúvida; aqueles a quem levantou o ânimo
na aflição, que hauriram forças na certeza, que lhes trouxe,
acerca do futuro, no conhecimento do seu ser espiritual
e de seus destinos. Esses os de fé inabalável, porque
sentem e compreendem.
Os que no Espiritismo unicamente procuram efeitos
materiais, não lhe podem compreender a força moral. Daí
vem que os incrédulos, que apenas o conhecem através de
fenômenos cuja causa primária não admitem, consideram
os espíritas meros prestidigitadores e charlatães. Não será,
pois, por meio de prodígios que o Espiritismo triunfará da
incredulidade será pela multiplicação dos seus benefícios
morais, porquanto, se é certo que os incrédulos não admitem
os prodígios, não menos certo é que conhecem, como
toda gente, o sofrimento e as aflições e ninguém recusa
alívio e consolação.