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Os Espíritos dados a sistemas são geralmente escrevinhadores, pelo que
buscam os médiuns que escrevem com facilidade e dos quais tratam de
fazer instrumentos dóceis e, sobretudo, entusiastas, fascinando-os. São
quase sempre verbosos, muito prolixos, procurando compensar a qualidade
pela quantidade. Comprazem-se em ditar, aos seus intérpretes, volumosos
escritos indigestos e frequentemente pouco inteligíveis, que,
felizmente, têm por antídoto a impossibilidade material de serem lidos
pelas massas. Os Espíritos verdadeiramente superiores são sóbrios de
palavras; dizem muita coisa em poucas frases. Segue-se que aquela
fecundidade prodigiosa deve sempre ser suspeita.
Nunca será demais toda a circunspecção, quando se trate de publicar
semelhantes escritos. As utopias e as excentricidades, que neles por
vezes abundam e chocam o bom senso, produzem lamentável impressão nas
pessoas ainda noviças na doutrina, dando-lhes uma ideia falsa do
Espiritismo, sem mesmo se levar em conta que são armas de que se servem
seus inimigos, para ridiculizá-lo. Entre tais publicações, algumas há
que, sem serem más e sem provirem de um obsessão, podem considerar-se
imprudentes,
intempestivas, ou desazadas.