104. O Espírito, que quer ou
pode fazer-se visível, reveste às vezes uma forma ainda mais precisa,
com todas as aparências de um corpo sólido, ao ponto de causar completa
ilusão e dar a crer, aos que observam a aparição, que têm diante de si
um ser corpóreo. Em alguns casos, finalmente, e sob o império de certas
circunstâncias, a tangibilidade se pode tornar real, isto é, possível se
torna ao observador tocar, palpar, sentir, na aparição, a mesma
resistência, o mesmo calor que num corpo vivo, o que não impede que a
tangibilidade se desvaneça com a rapidez do relâmpago. Nesses casos, já
não é somente com o olhar que se nota a presença do Espírito, mas também
pelo sentido tátil.
Dado se possa atribuir à ilusão ou a uma
espécie de fascinação a aparição simplesmente visual, o mesmo já não
ocorre quando se consegue segurá-la, palpá-la, quando ela própria segura
o observador e o abraça, circunstâncias em que nenhuma dúvida mais é
lícita.
Os fatos de aparições tangíveis são os mais raros; os que se têm dado, porém, nestes últimos tempos, pela influência de
alguns médiuns de grande poder* e absolutamente autenticados por testemunhos irrecusáveis, provam e
explicam o que a história refere acerca de pessoas que, depois de
mortas, se mostraram com todas as aparências da realidade.
* Entre outros, o Sr. Home.
Todavia, conforme já dissemos, por mais extraordinários que sejam, tais
fenômenos perdem inteiramente todo caráter de maravilhosos, quando
conhecida a maneira por que se produzem e quando se compreende que,
longe de constituírem uma derrogação das leis da natureza, são apenas
efeito de uma aplicação dessas leis.