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As causas da obsessão variam, de acordo com o caráter do Espírito. É,
às vezes, uma vingança que este toma de um indivíduo de quem guarda
queixas da sua vida presente ou do tempo de outra existência. Muitas
vezes, também, não há mais do que o desejo de fazer mal: o Espírito,
como sofre, entende de fazer que os outros sofram; encontra uma espécie
de gozo em os atormentar, em os vexar, e a impaciência que por isso a
vítima demonstra mais o exacerba, porque esse é o objetivo que colima,
ao passo que a paciência o leva a cansar-se. Com o irritar-se e
mostrar-se despeitado, o perseguido faz exatamente o que quer o seu
perseguidor. Esses Espíritos agem, não raro por ódio e inveja do bem;
daí o lançarem suas vistas malfazejas sobre as pessoas mais honestas. Um
deles se apegou como “tinha” a uma honrada família do nosso
conhecimento, à qual, aliás, não teve a satisfação de enganar.
Interrogado acerca do motivo por que se agarrara a pessoas distintas, em
vez de o fazer a homens maus como ele, respondeu:
estes não me causam inveja. Outros são guiados por um sentimento de covardia, que os induz a
se aproveitarem da fraqueza moral de certos indivíduos, que eles sabem
incapazes de lhes resistirem. Um destes últimos, que subjugava um rapaz
de inteligência muito apoucada, interrogado sobre os motivos dessa
escolha, respondeu:
Tenho grandíssima
necessidade de atormentar alguém; uma pessoa criteriosa me repeliria;
ligo-me a um idiota, que nenhuma força me opõe.