Médiuns curadores.
175.
Unicamente para não deixar de mencioná-la, falaremos aqui desta espécie
de médiuns, porquanto o assunto exigiria desenvolvimento excessivo para
os limites em que precisamos ater-nos. Sabemos, ao demais, que um de
nossos amigos, médico, se propõe a tratá-lo em obra especial sobre a
medicina intuitiva. Diremos apenas que este gênero de mediunidade
consiste, principalmente, no dom que possuem certas pessoas de curar
pelo simples toque, pelo olhar, mesmo por um gesto, sem o concurso de
qualquer medicação. Dir-se-á, sem dúvida, que isso mais não é do que
magnetismo. Evidentemente, o fluido magnético desempenha aí importante
papel; porém, quem examina cuidadosamente o fenômeno sem dificuldade
reconhece que há mais alguma coisa.
A magnetização ordinária é um
verdadeiro tratamento seguido, regular e metódico; no caso que
apreciamos, as coisas se passam de modo inteiramente diverso. Todos os
magnetizadores são mais ou menos aptos a curar, desde que saibam
conduzir-se convenientemente, ao passo que nos médiuns curadores a
faculdade é espontânea e alguns até a possuem sem jamais terem ouvido
falar de magnetismo. A intervenção de uma potência oculta, que é o que
constitui a mediunidade, se faz manifesta, em certas circunstâncias,
sobretudo se considerarmos que a maioria das pessoas que podem, com
razão, ser qualificadas de médiuns curadores recorre à prece, que é uma
verdadeira evocação. (Veja-se atrás o n.
o 131.)
176. Eis aqui as respostas que nos deram os Espíritos às perguntas que lhes dirigimos sobre este assunto:
1.ª. Podem considerar-se as pessoas dotadas de força magnética como formando uma variedade de médiuns?
“Não há que duvidar.”
2.ª.
Entretanto, o médium é um intermediário entre os Espíritos e o homem;
ora, o magnetizador, haurindo em si mesmo a força de que se utiliza, não
parece que seja intermediário de nenhuma potência estranha.
“É
um erro; a força magnética reside, sem dúvida, no homem, mas é
aumentada pela ação dos Espíritos que ele chama em seu auxílio. Se
magnetizas com o propósito de curar, por exemplo, e invocas um bom
Espírito que se interessa por ti e pelo teu doente, ele aumenta a tua
força e a tua vontade, dirige o teu fluido e lhe dá as qualidades
necessárias.”
3.ª. Há, entretanto, bons magnetizadores que não creem nos Espíritos?
“Pensas
então que os Espíritos só atuam nos que creem neles? Os que magnetizam
para o bem são auxiliados por bons Espíritos. Todo homem que nutre o
desejo do bem os chama, sem dar por isso, do mesmo modo que, pelo desejo
do mal e pelas más intenções, chama os maus.”
4.ª. Agiria com maior eficácia aquele que, tendo a força magnética, acreditasse na intervenção dos Espíritos?
“Faria coisas que consideraríeis milagre.”
5.ª. Há pessoas que verdadeiramente possuem o dom de curar pelo simples contato, sem o emprego dos passes magnéticos?
“Certamente; não tens disso múltiplos exemplos?”
6.ª. Nesse caso, há também ação magnética, ou apenas influência dos Espíritos?
“Uma
e outra coisa. Essas pessoas são verdadeiros médiuns, pois que atuam
sob a influência dos Espíritos; isso, porém, não quer dizer que sejam
quais médiuns curadores, conforme o entendes.”
7ª. Pode transmitir-se esse poder?
“O
poder, não; mas o conhecimento de que necessita, para exercê-lo, quem o
possua. Não falta quem não suspeite sequer de que tem esse poder, se
não acreditar que lhe foi transmitido.”
8.ª. Podem obter-se curas unicamente por meio da prece?
“Sim,
desde que Deus o permita; pode dar-se, no entanto, que o bem do doente
esteja em sofrer por mais tempo e então julgais que a vossa prece não
foi ouvida.”
9.ª. Haverá para isso algumas fórmulas de prece mais eficazes do que outras?
“Somente
a superstição pode emprestar virtudes quaisquer a certas palavras e
somente Espíritos ignorantes, ou mentirosos podem alimentar semelhantes
ideias, prescrevendo fórmulas. Pode, entretanto, acontecer que, em se
tratando de pessoas pouco esclarecidas e incapazes de compreender as
coisas puramente espirituais, o uso de determinada fórmula contribua
para lhes infundir confiança. Neste caso, porém, não é na fórmula que
está a eficácia, mas na fé, que aumenta por efeito da ideia ligada ao
uso da fórmula.”