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Aperfeiçoou-se a arte de obter comunicações pelo processo das pancadas
alfabéticas, mas o meio continuava a ser muito moroso. Algumas,
entretanto, se obtiveram de certa extensão, assim como interessantes
revelações sobre o mundo dos Espíritos. Estes indicaram outros meios e a
eles se deve o das comunicações escritas.
Receberam-se as
primeiras deste gênero, adaptando-se um lápis ao pé de uma mesa leve,
colocada sobre uma folha de papel. Posta em movimento pela influência de
um médium, a mesa começou a traçar caracteres, depois palavras e
frases. Simplificou-se gradualmente o processo, pelo emprego de mesinhas
do tamanho de uma mão, construídas expressamente para isso; em seguida,
pelo de cestas, de caixas de papelão e, afinal, pelo de simples
pranchetas. A escrita saía tão corrente, tão rápida e tão fácil como com
a mão. Porém, reconheceu-se mais tarde que todos aqueles objetos não
passavam, em definitiva, de apêndices, de verdadeiras lapiseiras, de que
se podia prescindir, segurando o médium, com sua própria mão, o lápis.
Forçada a um movimento involuntário, a mão escrevia sob o impulso que
lhe imprimia o Espírito e sem o concurso da vontade, nem do pensamento
do médium. A partir de então, as comunicações de além-túmulo se tornaram
sem limites, como o é a correspondência habitual entre os vivos.
Voltaremos a tratar destes diferentes meios, a fim de explicá-los
minuciosamente. Por ora, limitamo-nos a esboçá-los, para mostrar os
fatos sucessivos que levaram os observadores a reconhecer, nestes
fenômenos, a intervenção de inteligências ocultas, ou, por outra, dos
Espíritos.