40. Sistema da alucinação. –– Outra opinião, menos ofensiva essa, por trazer um ligeiro colorido científico, consiste
em levar os fenômenos à conta de ilusão dos sentidos. Assim, o observador estaria de muito boa-fé; apenas, julgaria
ver o que não vê. Quando diz que viu uma mesa levantar-se
e manter-se no ar, sem ponto de apoio, a verdade é que a
mesa não se mexeu. Ele a viu no ar, por efeito de uma
espécie de miragem, ou por uma refração, qual a que nos
faz ver, na água, um astro, ou um objeto qualquer, fora da
sua posição real. Isto, a rigor, seria possível; mas, os que já
testemunharam fenômenos espíritas hão podido certificar-se
do isolamento da mesa suspensa, passando por debaixo
dela, o que parece difícil de se conseguir, caso o móvel não
se houvesse despregado do solo. Por outro lado, muitas
vezes tem sucedido quebrar-se a mesa ao cair. Dar-se-á
que também aí nada mais haja do que simples efeito de
ótica?
É fora de dúvida que uma causa fisiológica bem conhecida pode fazer que uma pessoa julgue ver em movimento um objeto que não se moveu, ou que suponha estar
ela própria a mover-se, quando permanece imóvel. Mas,
quando, rodeando uma mesa, muitas pessoas a veem arrastada por um movimento tão rápido que difícil se lhes
torna acompanhá-la, ou que mesmo deita algumas delas
ao chão, poder-se-á dizer que todas se acham tomadas de
vertigem, como o bêbado, que acredita estar vendo a casa
em que mora passar-lhe por diante dos olhos?