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Entre os materialistas, importa distinguir duas classes: colocamos na
primeira os que o são por sistema. Nesses, não há a dúvida; há a negação
absoluta, raciocinada a seu modo. O homem, para eles, é simples
máquina, que funciona enquanto está montada, que se desarranja, e de que,
após a morte, só resta a carcaça.
Felizmente,
são em número restrito e não formam escola abertamente confessa. Não
precisamos insistir nos deploráveis efeitos que para a ordem social
resultariam da vulgarização de semelhante doutrina. Já nos estendemos
bastante sobre esse assunto em
O Livro dos Espíritos (n.º 147 e § III da Conclusão).
Quando
dissemos que a dúvida cessa nos incrédulos diante de uma explicação
racional, excetuamos os materialistas extremados, os que negam a
existência de qualquer força e de qualquer princípio inteligente fora da
matéria. A maioria deles se obstina por orgulho na opinião que
professa, entendendo que o amor-próprio lhes impõe persistir nela. E
persistem, não obstante todas as provas em contrário, porque não querem
ficar debaixo. Com tal gente, nada há que fazer; ninguém mesmo se deve
deixar iludir pelo falso tom de sinceridade dos que dizem: fazei que eu
veja, e acreditarei. Outros são mais francos e dizem sem rebuço: ainda
que eu visse, não acreditaria.