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Resta-nos destruir um erro assaz espalhado: o de confundirem-se com os
Espíritos batedores todos os Espíritos que se comunicam por meio de
pancadas. A tiptologia constitui um meio de comunicação como qualquer
outro, e que não é, mais do que o da escrita, ou da palavra, indigno dos
Espíritos elevados. Todos os Espíritos, bons e maus, podem servir-se
dele, como dos diversos outros existentes. O que caracteriza os
Espíritos superiores é a elevação das ideias e não o instrumento de que
se utilizem para exprimi-las. Sem dúvida, eles preferem os meios mais
cômodos e, sobretudo, mais rápidos; mas, em falta de lápis e papel, não
escrupulizarão de valer-se da vulgar mesa falante e a prova é que, por
esse meio, se obtêm os mais sublimes ditados. Se dele não nos servimos,
não é porque o consideremos desprezível, porém unicamente porque, como
fenômeno, já nos ensinou tudo o que pudéramos vir a saber, nada mais lhe
sendo possível acrescentar às nossas convicções, e porque a extensão
das comunicações que recebemos exige uma rapidez com a qual é
incompatível a tiptologia.
Assim, pois, nem todos os Espíritos
que se manifestam por pancadas são batedores. Este qualificativo deve
ser reservado para os que poderíamos chamar batedores de profissão e
que, por este meio, se deleitam em pregar partidas, para divertimentos
de umas tantas pessoas, em aborrecer com as suas importunações. Pode-se
esperar que algumas vezes deem coisas espirituosas; porém, coisas
profundas, nunca. Seria, conseguintemente, perder tempo formular-lhes
questões de certo porte científico, ou filosófico. A ignorância e a
inferioridade que lhes são peculiares deram motivo a que, com justeza,
os outros Espíritos os qualificassem de palhaços, ou saltimbancos do
mundo espírita. Acrescentemos que, além de agirem quase sempre por conta
própria, também são amiúde instrumentos de que lançam mão os Espíritos
superiores, quando querem produzir efeitos materiais.