Revista espírita — Jornal de estudos psicológicos — 1864

Allan Kardec

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Tal é o título de um novo jornal que se publica em Bruxelas, no formato dos grandes jornais, sob a direção dos Srs. Balibran e Roselli, nomes que são, ao mesmo tempo, um programa e uma recomendação para a especialidade dessa folha. Não é como órgão das Artes que queremos apreciá-lo. Nesse aspecto, recorremos a pessoas mais competentes do que nós, e que o julgam à altura de seu título. Com efeito, ele não poderia ser confundido com essas folhas levianas que, sob a bandeira da Literatura, dão aos seus leitores mais facécias do que fundo, e por vezes, mais brancos do que texto. O Monde Musical é um jornal sério, onde todas as questões de seu programa são tratadas de maneira substancial e por mãos hábeis. Esta consideração não deixa de ter importância para nós.

Esse jornal é um primeiro passo da imprensa independente na via do Espiritismo. Sem se dizer órgão e propagador da doutrina, ele fez este raciocínio judicioso:

“Verdadeiro ou falso, o Espiritismo ocupou um lugar entre os fatos da atualidade que preocupam a opinião. As tempestades que desencadeia num certo mundo provam que não é isento de importância; sua propagação, malgrado os ataques do clero, prova que não é um fogo de palha; pelo número de seus aderentes, já se torna uma potência com a qual será preciso contar, mais cedo ou mais tarde. Se for um erro, cairá por si; se for uma verdade, é inevitavelmente uma revolução nas ideias, e nada se lhe poderia opor. Numa e noutra destas duas alternativas, devemos, a título de informação, pôr os nossos leitores ao corrente do estado da questão. Entre falar disto ou de outra coisa, seria melhor, em nossa opinião, tratar deste assunto do que difundir a crônica escandalosa dos bastidores ou dos salões.

“Para pôr nossos leitores em condições de julgar com conhecimento de causa, extraímos a maior parte de nossas citações dos escritos que fazem fé entre os adeptos dessa doutrina; mas, como não devemos nem queremos forçar a opinião de ninguém, nem pró nem contra, admitiremos a controvérsia, quando não se afastar dos limites de uma discussão conveniente e honesta. Mantendo-nos no terreno da imparcialidade, cada um fica livre em suas convicções. As opiniões favoráveis ou contrárias que pudessem ser formuladas em certos artigos devem ser consideradas como pessoais aos seus respectivos autores e em nada comprometem a responsabilidade do jornal.”

Tal é o resumo do programa que nos foi apresentado e que só podemos aplaudir. Seria desejável que este exemplo tivesse imitadores na imprensa; o que nela censuramos não é a discussão dos nossos princípios, mas a crítica cega e sistematicamente malévola que deles fazem sem conhecê-los e que os desnatura de maneira pouco leal. Os jornais que entrarem francamente nesse caminho, longe de com isto perderem, só poderão ganhar materialmente, porque os espíritas hoje formam uma massa de leitores cada vez mais preponderante, e cuja simpatia irá naturalmente para o seu lado.

Sob este aspecto, o Monde Musical merece encorajamento.

NOTA: O Monde Musical aparece aos domingos, desde o dia 1.º de outubro de 1864. Preço da assinatura: 4 francos por ano para a Bélgica; 10 francos para a França. Pode-se assinar a partir do dia 1.º de cada mês; em Bruxelas, no escritório na Rua de l’Êcuyer, nº. 18; em Paris, na agência do jornal, Rua de Buffaut, 9.

Formou-se uma sociedade para a exploração desse jornal, com o capital de 60.000 francos, dividido em 2.400 ações de 25 francos cada uma.

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