Revista espírita — Jornal de estudos psicológicos — 1864

Allan Kardec

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Escritas a padres, pela Sra. J. B. com esse título ocasional, que é um sinal característico de nossa época

Eu tenho ainda muitas coisas para dizer-vos, mas vós não as poderíeis suportar agora. Quando vier o Espírito de Verdade, ele vos ensinará toda a verdade, porque ele não falará por si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido, e anunciar-vos-á as coisas que estão por vir. E quando ele vier, ele convencerá o mundo acerca do pecado, acerca da justiça e acerca do juízo.

S. João, XVI: 8, 12 e 13.

As reflexões que fizemos acima, a propósito do Avenir, não se aplicam apenas às publicações periódicas, mas às de qualquer outra natureza, volumes ou brochuras, cujo número se multiplica incessantemente, e cujos autores são igualmente campeões que participam da luta e trazem a sua pedra ao edifício. Saudação fraterna de boas-vindas a todos esses defensores, homens e mulheres que, sacudindo o jugo dos velhos preconceitos, hasteiam a bandeira sem segundas intenções pessoais, sem outro interesse além do bem geral e que fazem ressoar o grito libertador e emancipador da Humanidade: Fora da caridade não há salvação! Tão logo foi pronunciado esse grito pela primeira vez, todos compreenderam que ele encerrava toda uma revolução moral há muito tempo pressentida e desejada e que encontrou ecos simpáticos nas cinco partes do mundo. Ele foi saudado como a aurora de um futuro feliz, e em poucos meses tornou-se a palavra de ligação de todos os espíritas sinceros. É que, após uma luta tão grande e tão cruel contra o egoísmo, ele enfim deixava entrever o reino da fraternidade.

A brochura que aqui anunciamos é devida a uma senhora, membro da Sociedade Espírita de Paris, excelente médium, chefe de um grupo particular admiravelmente dirigido e a quem não se poderia censurar senão um excesso de modéstia, se excesso pudesse haver no bem. Se ela assinou seu escrito apenas com as iniciais, é que pensou que um nome desconhecido não é uma recomendação e que ela não se preocupa em aparecer como escritora. Nem por isso ela deixa de ter a coragem de expressar sua opinião, que a ninguém esconde.

A Sra. J. B. é sinceramente católica, mas católica muito esclarecida, o que diz tudo. Sua brochura é escrita desse ponto de vista e, por isso mesmo, se dirige principalmente aos eclesiásticos. É impossível refutar com mais talento, elegância na forma, moderação e lógica, os argumentos que uma fé exclusiva e cega opõe às ideias novas. Recomendamos esse interessante trabalho aos nossos leitores. Eles podem, sem medo, propagá-lo entre as pessoas de uma susceptibilidade muito sombria em relação à ortodoxia, e dá-lo como resposta aos ataques dirigidos contra o Espiritismo, do ponto de vista religioso.

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