66. Aos fatos materiais juntam-se fortíssimas considera-
ções morais.
Se as condições de Jesus, durante a sua vida, fossem
as dos seres fluídicos, ele não teria experimentado nem a
dor, nem as necessidades do corpo. Supor que assim haja
sido é tirar-lhe o mérito da vida de privações e de sofrimentos
que escolhera, como exemplo de resignação. Se tudo
nele fosse aparente, todos os atos de sua vida, a reiterada
predição de sua morte, a cena dolorosa do Jardim das Oliveiras,
sua prece a Deus para que lhe afastasse dos lábios o
cálice de amarguras, sua paixão, sua agonia, tudo, até ao
último brado, no momento de entregar o Espírito, não teria
passado de vão simulacro, para enganar com relação à sua
natureza e fazer crer num sacrifício ilusório de sua vida,
numa comédia indigna de um homem simplesmente honesto,
indigna, portanto, e com mais forte razão de um ser tão
superior. Numa palavra: ele teria abusado da boa-fé dos seus
contemporâneos e da posteridade. Tais as conseqüências lógicas desse sistema, conseqüências inadmissíveis, porque
o rebaixariam moralmente, em vez de o elevarem. Jesus, pois, teve, como todo homem, um corpo carnal
e um corpo fluídico, o que é atestado pelos fenômenos
materiais e pelos fenômenos psíquicos que lhe assinalaram
a existência.