43. Quando a mesa se destaca do solo e flutua no espaço
sem ponto de apoio, o Espírito não a ergue com a força de
um braço; envolve-a e penetra-a de uma espécie de atmosfera
fluídica que neutraliza o efeito da gravitação, como
faz o ar com os balões e papagaios. O fluido que se infiltra
na mesa dá-lhe momentaneamente maior leveza específica.
Quando fica pregada ao solo, ela se acha numa situação análoga à da campânula pneumática sob a qual se fez
o vácuo. Não há aqui mais que simples comparações destinadas
a mostrar a analogia dos efeitos e não a semelhança absoluta das causas. (
O Livro dos Médiuns, 2.a
Parte, cap. IV.)
Compreende-se, depois do que fica dito, que não há
para o Espírito, maior dificuldade em arrebatar uma pessoa,
do que em arrebatar uma mesa, em transportar um
objeto de um lugar para outro, ou em atirá-lo seja onde
for. Todos esses fenômenos se produzem em virtude da
mesma lei.*
Quando as pancadas são ouvidas na mesa ou algures,
não é que o Espírito esteja a bater com a mão, ou com
qualquer objeto. Ele apenas dirige sobre o ponto donde vem
o ruído um jato de fluido e este produz o efeito de um
choque elétrico. Tão possível lhe é modificar o ruído, como
a qualquer pessoa modificar os sons produzidos pelo ar.**
* Tal o princípio dos fenômenos de trazimento, fenômeno este muito
real, mas que não convém se admita, senão com extrema reserva,
porquanto é um dos que mais se prestam à imitação e à
trapaçaria. Devem tomar-se em séria consideração a honradez
irrecusável da pessoa que os obtém, seu absoluto desinteresse,
material e moral, e o concurso das circunstâncias acessórias. Importa,
sobretudo, desconfiar da produção de tais efeitos, quando
eles se dêem com excessiva facilidade e ter por suspeitos os que se
renovem com extrema frequência e, por assim dizer, à vontade. Os
prestidigitadores fazem coisas mais extraordinárias.
Não menos positivo é o fato do erguimento de uma pessoa; mas,
tem que ser muito mais raro, porque mais difícil de ser imitado. É
sabido que o Sr. Home se elevou mais de uma vez até ao teto, dando
assim volta à sala. Dizem que S. Cupertino possuía a mesma faculdade,
não sendo o fato mais miraculoso com este do que com aquele.
** Casos de manifestações materiais e de perturbações operadas pelos
Espíritos:
Revue spirite, “A moça dos panoramas”, janeiro de
1858, pág. 13; — “Senhorita Clairon”, fevereiro de 1858, pág. 44; —
“Espírito batedor de Bergzabern” (narração completa), maio, junho
e julho de 1858, págs. 125, 153 e 184; — “Dibbelsdorf”, agosto de
1858, pág. 219; — “Padeiro de Dieppe”, março de 1860, pág. 77; —
“Fabricante de S. Petersburgo”, abril de 1860, pág. 115; — “Rua das
Nogueiras”, agosto de 1860, pág. 235; — “Espírito batedor do Aube”,
janeiro de 1861, pág. 23; — “Flagelo do século dezesseis”, janeiro
de 1864, pág. 32; — “Poitiers”, maio de 1864, pág. 156 e maio de
1865, pág. 134; — “Irmã Maria”, junho de 1864, pág. 185; —
“Marselha”, abril de 1865, pág. 121; — “Fives”, agosto de 1865,
pág. 225; — “Os ratos de Equihem”, fevereiro de 1866, pág. 55.