15. O começo absoluto das coisas remonta, pois, a Deus.
As sucessivas aparições delas no domínio da existência
constituem a ordem da criação perpétua. Que mortal poderia dizer das magnificências desconhecidas e soberbamente veladas sob a noite das idades
que se desdobraram nesses tempos antigos, em que nenhuma das maravilhas do universo atual existia; nessa
época primitiva em que, tendo-se feito ouvir a voz do Senhor, os materiais que no futuro haviam de agregar-se por
si mesmos e simetricamente, para formar o templo da natureza, se encontraram de súbito no seio dos vácuos infinitos; quando aquela voz misteriosa, que toda criatura venera
e estima como a de uma mãe, produziu notas harmoniosamente variadas, para irem vibrar juntas e modular o
concerto dos céus imensos! O mundo, no nascedouro, não se apresentou assente
na sua virilidade e na plenitude da sua vida, não. O poder
criador nunca se contradiz e, como todas as coisas, o universo nasceu criança. Revestido das leis mencionadas acima e da impulsão inicial inerente à sua formação mesma, a
matéria cósmica primitiva fez que sucessivamente nascessem turbilhões, aglomerações desse fluido difuso,
amontoados de matéria nebulosa que se cindiram por si
próprios e se modificaram ao infinito para gerar, nas
regiões incomensuráveis da amplidão, diversos centros de
criações simultâneas ou sucessivas. Em virtude das forças que predominaram sobre um ou
sobre outro deles e das circunstâncias ulteriores que presidiram aos seus desenvolvimentos, esses centros primitivos
se tornaram focos de uma vida especial: uns, menos disseminados no espaço e mais ricos em princípios e em forças
atuantes, começaram desde logo a sua particular vida astral; os outros, ocupando ilimitada extensão, cresceram com
lentidão extrema, ou de novo se dividiram em outros
centros secundários.