19.
Deus é, pois, a inteligência suprema e soberana, é único, eterno, imutável,
imaterial, onipotente, soberanamente justo e bom, infinito em todas as
perfeições, e não pode ser diverso disso.
Tal o eixo sobre que repousa o
edifício universal. Esse o farol cujos raios se estendem por sobre o Universo
inteiro, única luz capaz de guiar o homem na pesquisa da verdade. Orientando-se
por essa luz, ele nunca se transviará. Se, portanto, o homem há errado tantas
vezes, é unicamente por não ter seguido o roteiro que lhe estava indicado.
Tal também o
critério infalível de todas as doutrinas filosóficas e religiosas. Para
apreciá-las, dispõe o homem de uma medida rigorosamente exata nos atributos de
Deus e pode afirmar a si mesmo que toda
teoria, todo princípio, todo dogma,
toda crença, toda prática que estiver
em contradição com um só que seja desses atributos, que tenda não tanto a
anulá-lo, mas simplesmente a diminuí-lo, não pode estar com a verdade.
Em filosofia, em psicologia, em moral, em
religião, só há de verdadeiro o que não se afaste, nem um til, das qualidades essenciais da Divindade.
A religião perfeita será aquela de cujos
artigos de fé nenhum esteja em oposição àquelas qualidades; aquela cujos
dogmas todos suportem a prova dessa verificação sem nada sofrerem.