46. A grande e importante lei da reencarnação foi um dos
pontos capitais que Jesus não pôde desenvolver, porque os
homens do seu tempo não se achavam suficientemente preparados
para idéias dessa ordem e para as suas consequências.
Contudo, assentou o princípio da referida lei, como
o fez relativamente a tudo mais. Estudada e posta em evidência
nos dias atuais pelo Espiritismo, a lei da reencarnação constitui a chave para o entendimento de muitas passagens
do Evangelho que, sem ela, parecem verdadeiros
contra-sensos.
É por meio dessa lei que se encontra a explicação racional
das palavras acima, admitidas que sejam como textuais.
Uma vez que elas não podem ser aplicadas às pessoas
dos apóstolos, é evidente que se referem ao futuro
reinado do Cristo, isto é, ao tempo em que a sua doutrina,
mais bem compreendida, for lei universal. Dizendo que alguns
dos ali presentes na ocasião veriam o seu advento, ele
forçosamente se referia aos que estarão vivos de novo nessa
época. Os judeus, porém, imaginavam que lhes seria
dado ver tudo o que Jesus anunciava e tomavam ao pé da
letra suas frases alegóricas.
Aliás, algumas de suas predições se realizaram no devido
tempo, tais como a ruína de Jerusalém, as desgraças
que se lhe seguiram e a dispersão dos judeus. Sua visão,
porém, se projetava muito mais longe, de sorte que,
quando falava do presente, sempre aludia ao futuro.