11. Do fato, porém, de o Espiritismo admitir os efeitos, que
são corolário da existência da alma, não se segue que admita
todos os efeitos qualificados de maravilhosos e que se
proponha a justificá-los e dar-lhes crédito; que se faça campeão
de todos os devaneios, de todas as utopias, de todas
as excentricidades sistemáticas, de todas as lendas miraculosas.
Fora preciso conhecê-lo muito pouco, para pensar
assim. Seus adversários julgam opor-lhe um argumento
irreplicável, quando, depois de haverem feito eruditas pesquisas
sobre os convulsionários de Saint-Médard, sobre os
camisardos das Cevenas, ou sobre os religiosos de Loudun,
chegaram a descobrir fatos patentes de embuste, que ninguém
contesta. Mas, essas histórias serão, porventura, o
Evangelho do Espiritismo? Já terão seus adeptos negado
que o charlatanismo haja explorado em proveito próprio
alguns fatos; que a imaginação os tenha criado; que o fanatismo
os haja exagerado muitíssimo? Ele é tão solidário
com as extravagâncias que se cometam em seu nome, como
a ciência o é com os abusos da ignorância e a verdadeira
religião com os abusos do fanatismo. Muitos críticos julgam
do Espiritismo pelos contos de fadas e pelas lendas
populares, ficções daqueles contos. O mesmo seria julgar
da História pelos romances históricos ou pelas tragédias.