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A questão da identidade dos Espíritos é uma das mais controvertidas,
mesmo entre os adeptos do Espiritismo. É que, com efeito, os Espíritos
não nos trazem um ato de notoriedade e sabe-se com que facilidade alguns
dentre eles tomam nomes que nunca lhes pertenceram. Essa, por isso
mesmo, é, depois da obsessão, uma das maiores dificuldades do
Espiritismo prático. Todavia, em muitos casos, a identidade absoluta não
passa de questão secundária e sem importância real.
A identidade
dos Espíritos das personagens antigas é a mais difícil de se conseguir,
tornando-se muitas vezes impossível, pelo que ficamos adstritos a uma
apreciação puramente moral. Julgam-se os Espíritos, como os homens, pela
sua linguagem. Se um Espírito se apresenta com o nome de Fénelon, por
exemplo, e diz trivialidades e puerilidades, está claro que não pode ser
ele. Se somente diz, porém, coisas dignas do caráter de Fénelon, e que
este não se furtaria a subscrever, há, senão prova material, pelo menos
toda probabilidade moral de que seja de fato ele. Nesse caso, sobretudo,
é que a identidade real se torna uma questão acessória. Desde que o
Espírito só diz coisas aproveitáveis, pouco importa o nome sob o qual as
diga.
Objetar-se-á, sem dúvida, que o Espírito que tome um
nome suposto, ainda que só para o bem, não deixa de cometer uma fraude:
não pode, portanto, ser um Espírito bom. Aqui, há delicadezas de matizes
muito difíceis de apanhar e que vamos tentar desenvolver.