Quadro sinótico das diferentes espécies de médiuns.
187. Podem dividir-se os médiuns em duas grandes categorias:
Médiuns de efeitos físicos: os que têm o poder de provocar efeitos materiais, ou manifestações ostensivas. (N.º 160.)
Médiuns de efeitos intelectuais: os que são mais aptos a receber e a transmitir comunicações inteligentes. (N.º 65 e seguintes.)
Todas
as outras espécies se prendem mais ou menos diretamente a uma ou outra
dessas duas categorias; algumas participam de ambas. Se analisarmos os
diferentes fenômenos produzidos sob a influência mediúnica, veremos que,
em todos, há um efeito físico e que aos efeitos físicos se alia quase
sempre um efeito inteligente. Difícil é muitas vezes determinar o limite
entre os dois, mas isso nenhuma consequência apresenta. Sob a
denominação de
médiuns de efeitos intelectuais abrangemos os que podem, mais particularmente, servir de intermediários para as comunicações regulares e fluentes. (N.º 133.)
188. Espécies comuns a todos os gêneros de mediunidade.
Médiuns sensitivos: pessoas
susceptíveis de sentir a presença dos Espíritos, por uma impressão geral
ou local, vaga ou material. A maioria dessas pessoas distingue os
Espíritos bons dos maus, pela natureza da impressão. (N.º 164.)
“Os médiuns delicados e muito sensitivos devem abster-se das
comunicações com os Espíritos violentos, ou cuja impressão é penosa, por
causa da fadiga que daí resulta.”
Médiuns naturais ou inconscientes: os que produzem espontaneamente os fenômenos, sem intervenção da própria vontade e, as mais das vezes, à sua revelia. (N.º 161.)
Médiuns facultativos ou voluntários: os que têm o poder de provocar os fenômenos por ato da própria vontade. (N.º 160.)
“Qualquer que seja essa vontade, eles nada podem, se os Espíritos se
recusam, o que prova a intervenção de uma força estranha.”
189. Variedades especiais para os efeitos físicos.
Médiuns tiptólogos: aqueles pela influência dos quais se produzem os ruídos, as pancadas. Variedade muito comum, com ou sem intervenção da vontade.
Médiuns motores: os que produzem o movimento dos corpos inertes. Muito comuns. (N.º 61.)
Médiuns de translações e de suspensões:
os que produzem a translação aérea e a suspensão dos corpos inertes no
espaço, sem ponto de apoio. Entre eles há os que podem elevar-se a si
mesmos. Mais ou menos raros, conforme a amplitude do fenômeno; muito
raros, no último caso. (N.
os 75 e seguintes; n.o 80.)
Médiuns de efeitos musicais: provocam a execução de composições, em certos instrumentos de música, sem contacto com estes. Muito raros. (N.º 74, perg. 24.)
Médiuns de aparições:
os que podem provocar aparições fluídicas ou tangíveis, visíveis para
os assistentes. Muito excepcionais. (N.º 100, perg. 27; n.º 104.)
Médiuns de transporte: os
que podem servir de auxiliares aos Espíritos para o transporte de
objetos materiais. Variedade dos médiuns motores e de translações.
Excepcionais. (N.
o 96.)
Médiuns noturnos:
os que só na obscuridade obtêm certos efeitos físicos. É a seguinte a
resposta que nos deu um Espírito à pergunta que fizemos sobre se se
podem considerar esses médiuns como constituindo uma variedade:
“Certamente
se pode fazer disso uma especialidade, mas esse fenômeno é devido mais
às condições ambientes do que à natureza do médium, ou dos Espíritos.
Devo acrescentar que alguns escapam a essa influência do meio e que os
médiuns noturnos, em sua maioria, poderiam chegar, pelo exercício, a
operar tão bem no claro, quanto na obscuridade. É pouco numerosa esta
espécie de médiuns. E, cumpre dizê-lo, graças a essa condição, que
oferece plena liberdade ao emprego dos truques da ventriloquia e dos
tubos acústicos, é que os charlatães hão abusado muito da credulidade,
fazendo-se passar por médiuns, a fim de ganharem dinheiro. Mas, que
importa? Os trampolineiros de gabinete, como os da praça pública, serão
cruelmente desmascarados e os Espíritos lhes provarão que andam mal,
imiscuindo-se na obra deles. Repito: alguns charlatães receberão, de
modo bastante rude, o castigo que os desgostará do oficio de falsos
médiuns. Aliás, tudo isso pouco durará.”
Erasto.
Médiuns pneumatógrafos: os que obtêm a escrita direta. Fenômeno muito raro e, sobretudo, muito fácil de ser imitado pelos trapaceiros. (N.º 177.)
Nota.
Os Espíritos insistiram, contra a nossa opinião, em incluir a escrita
direta entre os fenômenos de ordem física, pela razão, disseram eles, de
que: “Os efeitos inteligentes são aqueles para cuja produção o Espírito
se serve dos materiais existentes no cérebro do médium, o que não se dá
na escrita direta. A ação do médium é aqui toda material, ao passo que
no médium escrevente, ainda que completamente mecânico, o cérebro
desempenha sempre um papel ativo.”
Médiuns curadores: os que têm o poder de curar ou de aliviar o doente, pela só imposição das mãos, ou pela prece.
“Esta faculdade não é essencialmente mediúnica; possuem-na todos os
verdadeiros crentes, sejam médiuns ou não. As mais das vezes, é apenas
uma exaltação do poder magnético, fortalecido, se necessário, pelo
concurso de bons Espíritos.” (N.º 175.)
Médiuns excitadores: pessoas que têm o poder de, por sua influência, desenvolver nas outras a faculdade de escrever.
“Aí há antes um efeito magnético do que um caso de mediunidade
propriamente dita, porquanto nada prova a intervenção de um Espírito.
Como quer que seja, pertence à categoria dos efeitos físicos.” (Veja-se o
capítulo
Da formação dos médiuns.)
190. Médiuns especiais para efeitos intelectuais. Aptidões diversas.
Médiuns audientes: os que ouvem os Espíritos. Muito comuns. (N.º 165.)
“Muitos há que imaginam ouvir o que apenas lhes está na imaginação.”
Médiuns falantes: os que falam sob a influência dos Espíritos. Muito comuns. (N.º 166.)
Médiuns videntes: os
que, em estado de vigília, veem os Espíritos. A visão acidental e
fortuita de um Espírito, numa circunstância especial, é muito frequente;
mas, a visão habitual, ou facultativa dos Espíritos, sem distinção, é
excepcional. (N.º 167.)
“É uma aptidão a que se opõe o estado
atual dos órgãos visuais. Por isso é que cumpre nem sempre acreditar na
palavra dos que dizem ver os Espíritos.”
Médiuns inspirados:
aqueles a quem, quase sempre mau grado seu, os Espíritos sugerem
ideias, quer relativas aos atos ordinários da vida, quer com relação aos
grandes trabalhos da inteligência. (N.º 182.)
Médiuns de pressentimentos: pessoas que, em dadas circunstâncias, têm uma intuição vaga de coisas vulgares que ocorrerão no futuro. (N.º 184.)
Médiuns proféticos: variedade
dos médiuns inspirados, ou de pressentimentos. Recebem, permitindo-o
Deus, com mais precisão do que os médiuns de pressentimentos, a
revelação de futuras coisas de interesse geral, e são incumbidos de
dá-las a conhecer aos homens, para instrução destes.
“Se há
profetas verdadeiros, mais ainda os há falsos, que consideram revelações
os devaneios da própria imaginação, quando não são embusteiros que, por
ambição, se apresentam como tais.” (Veja-se, em
O Livro dos Espíritos,o n.º 624 — “Características do verdadeiro profeta”.)
Médiuns sonâmbulos: os que, em estado de sonambulismo, são assistidos por Espíritos. (N.º 172.)
Médiuns extáticos: os que, em estado de êxtase, recebem revelações da parte dos Espíritos.
“Muitos extáticos são joguetes da própria imaginação e de Espíritos
zombeteiros que se aproveitam da exaltação deles. São raríssimos os que
mereçam inteira confiança.”
Médiuns pintores ou desenhistas:
os que pintam ou desenham sob a influência dos Espíritos. Falamos dos
que obtêm trabalhos sérios, visto não se poder dar esse nome a certos
médiuns que Espíritos zombeteiros levam a fazer coisas grotescas, que
desabonariam o mais atrasado estudante.
Os Espíritos levianos
se comprazem em imitar. Na época em que apareceram os notáveis desenhos
de Júpiter, surgiu grande número de pretensos médiuns desenhistas, que
Espíritos levianos induziram a fazer as coisas mais ridículas. Um deles,
entre outros, querendo eclipsar os desenhos de Júpiter, ao menos nas
dimensões, quando não fosse na qualidade, fez que um médium desenhasse
um monumento que ocupava muitas folhas de papel para chegar à altura de
dois andares. Muitos outros se divertiram fazendo que os médiuns
pintassem supostos retratos, que eram verdadeiras caricaturas. (
Revue spirite, agosto de 1858.)
Médiuns músicos: os
que executam, compõem, ou escrevem músicas, sob a influência dos
Espíritos. Há médiuns músicos, mecânicos, semimecânicos, intuitivos e
inspirados, como os há para as comunicações literárias. (Veja-se —
Médiuns para efeitos musicais.)