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Cumpre, todavia, se não atribuam à ação direta dos Espíritos todas as
contrariedades que se possam experimentar, as quais, não raro, decorrem
da incúria, ou da imprevidência. Um agricultor nos escreveu certo dia
que, havia doze anos, toda sorte de infelicidades lhe acontecia,
relativamente ao seu gado; ora eram as vacas que morriam, ou deixavam de
dar leite, ora eram os cavalos, os carneiros, ou os porcos que
sucumbiam. Fez muitas novenas, que em nada remediaram o mal, do mesmo
modo que nada obteve com as missas que mandou celebrar, nem com os
exorcismos que mandou praticar. Persuadiu-se, então, de acordo com o
preconceito dos campos, de que lhe haviam enfeitiçado os animais.
Supondo-nos, sem dúvida, dotados de um poder esconjurador maior do que o
do cura da sua aldeia, pediu o nosso parecer. Foi a seguinte a resposta
que obtivemos:
“A mortalidade ou as enfermidades do gado desse homem provêm de que seus currais estão infestados e ele não os repara, porque custa dinheiro.”