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Quando se produz o vácuo na campânula da máquina pneumática, essa
campânula adere com força tal ao seu suporte, que impossível se torna
suspendê-la, devido ao peso da coluna de ar que sobre ela faz pressão.
Deixe-se entrar o ar e a campânula pode ser levantada com a maior
facilidade, porque o ar que lhe fica por baixo contrabalança o ar que,
pela parte exterior, a comprime. Contudo, se ninguém lhe tocar, ela
permanecerá assente no suporte, por efeito da lei de gravidade. Agora,
comprima-se o ar no interior, dê-se-lhe densidade maior que a do que
está por fora, e a campânula se erguerá, apesar da gravidade. Se a
corrente de ar for violenta e rápida, a mesma campânula se manterá
suspensa no espaço, sem nenhum ponto
visível de apoio, à guisa desses bonecos que se fazem rodopiar em cima de um repuxo d'água. Por que então o fluido universal, que é o elemento de toda a natureza,
acumulado em torno da mesa, não poderia ter a propriedade de lhe
diminuir ou aumentar o peso específico relativo, como faz o ar com a
campânula da máquina pneumática, como faz o gás hidrogênio com os
balões, sem que para isso seja necessária a derrogação da lei de
gravidade? Conheceis, porventura, todas as propriedades e todo o poder
desse fluido? Não. Pois, então, não negueis a realidade de um fato,
apenas por não o poderdes explicar.