123. A transfiguração, em
certos casos, pode originar-se de uma simples contração muscular, capaz
de dar à fisionomia expressão muito diferente da habitual, ao ponto de
tornar quase irreconhecível a pessoa. Temo-lo observado frequentemente
com alguns sonâmbulos; mas, nesse caso, a transformação não é radical.
Uma mulher poderá parecer jovem ou velha, bela ou feia, mas será sempre
uma mulher e, sobretudo, seu peso não aumentará, nem diminuirá. No
fenômeno com que nos ocupamos, há mais alguma coisa. A teoria do
perispírito nos vai esclarecer.
Está, em princípio, admitido
que o Espírito pode dar ao seu perispírito todas as aparências; que,
mediante uma modificação na disposição molecular, pode dar-lhe a
visibilidade, a tangibilidade e, conseguintemente, a
opacidade;
que o perispírito de uma pessoa viva, isolado do corpo, é passível das
mesmas transformações; que essa mudança de estado se opera pela
combinação dos fluidos. Figuremos agora o perispírito de uma pessoa
viva, não isolado, mas irradiando-se em volta do corpo, de maneira a
envolvê-lo numa espécie de vapor. Nesse estado, passível se torna das
mesmas modificações de que o seria, se o corpo estivesse separado.
Perdendo ele a sua transparência, o corpo pode desaparecer, tornar-se
invisível, ficar velado, como se mergulhado numa bruma. Poderá então o
perispírito mudar de aspecto, fazer-se brilhante, se tal for a vontade
do Espírito e se este dispuser de poder para tanto. Um outro Espírito,
combinando seus fluidos com os do primeiro, poderá, a essa combinação de
fluidos, imprimir a aparência que lhe é própria, de tal sorte, que o
corpo real desapareça sob o envoltório fluídico exterior, cuja aparência
pode variar à vontade do Espírito. Esta parece ser a verdadeira causa
do estranho fenômeno e raro, cumpra se diga, da transfiguração. Quanto à
diferença de peso, explica-se da mesma maneira por que se explica com
relação aos corpos inertes. O peso intrínseco do corpo não variou, pois
que não aumentou nele a quantidade de matéria. Sofreu, porém, a
influência de um agente exterior, que lhe pode aumentar ou diminuir o
peso relativo, conforme explicamos acima (n.
os 78 e seguintes). Provável é, portanto, que, se a transformação se
produzir, tomando a pessoa o aspecto de uma criança, o peso diminua
proporcionalmente.