Revista espírita — Jornal de estudos psicológicos — 1860

Allan Kardec

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PRIMEIRAS IMPRESSÕES DE UM ESPÍRITO
(MÉDIUM. SRA. COSTEL)


Falarei da estranha mudança que se opera no Espírito após a libertação, Ele se evapora dos despojos que abandona, como uma chama se desprende do foco que a produziu; depois se dá uma grande perturbação e essa dúvida estranha: estou morto ou vivo? A ausência das sensações primárias produzidas pelo corpo espanta e imobiliza, por assim dizer. Assim como um homem habituado a um fardo pesado, nossa alma, aliviada de repente, não sabe o que fazer de sua liberdade; depois, o espaço infinito, as maravilhas sem número dos astros, sucedendo-se num ritmo harmonioso, os Espíritos solícitos, flutuando no ar e deslumbrantes de luz sutil que parece atravessá-los, o sentimento da libertação que inunda de súbito, a necessidade de lançar-se também no espaço como pássaros que querem treinar suas asas, tais são as primeiras impressões que todos nós sentimos. Não posso lhe revelar todas as fases desta existência; acrescentarei só, que logo satisfeito com o seu espanto, o espírito ávido quer se lançar e subir mais, às regiões do verdadeiro belo, do verdadeiro bem, e essa aspiração é o tormento dos Espíritos sedentos do infinito. Como a crisálida, esperam despojar-se de sua pele; sentem surgirem asas que os levarão, radiosos, ao azul abençoado. Mas, retidos ainda pelos laços do pecado, devem planar entre o céu e a Terra, não pertencendo nem a um, nem a outra. Que são todas as aspirações terrenas, comparadas ao ardor incrível do ser que entreviu um recanto da eternidade! Assim, sofrei muito para chegardes depurados entre nós. O Espiritismo vos ajudará, pois é uma obra abençoada; ele liga entre si os Espíritos e os vivos, que formam os anéis de uma cadeia invisível subindo até Deus.

DELPHINE DE GIRARDIN

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