Méry, o sonhador(Grupo do Sr. L..., 4 de julho de 1866 - Médium: Sr. Vavasseur)
Apenas recém-nascido em vossa margem,
Vi uma mulher atenta
Dizer, espiando meu despertar:
Não perturbeis seu doce sono,
Ele sonha; e eu apenas nascia!
Um pouco mais tarde, na planície,
Eu desfolhava o trevo florido,
E diziam que Joseph Méry
Sonhava; e quando a pobre mãe
Me sentava na pedra branca
Que guardava a borda do riacho,
Ela também dizia:
Sonha ainda, Meu filho.
Mais tarde, no colégio,
Por ódio ou por desprezo,
O que sei eu!
Fugiam-me os amigos para longe,
Deixando-me só, a um canto,
A sonhar.
E quando a louca ebriez
Dos prazeres perturbou-me a juventude
A turma me apontava com o dedo,
Dizendo: “É Méry, que deve
Sonhar ainda.” E quando, mais prudente,
Quase em meio do caminho,
Fui julgado como escritor,
Diziam de mim: “É em vão
Que ele evoca a poesia
Em seus versos. É o devaneio
Que me vem ao seu apelo.
Méry, Faça o que quiser, será Méry.”
E quando a última prece
Abençoou-me a fria poeira,
Atento sob o meu sepulcro,
Ouvi uma palavra, uma só:
“Sonhador!” Ah! sim, na Terra
Sonhei. Por que calar, então,
Um sonho que não findou
E que começo aqui?
J. MÉRY.