12. Se se admite a falibilidade dos anjos, como a dos homens, a punição é
uma consequência natural e justa da falta; mas se se admitir ao mesmo
tempo a possibilidade do resgate, pelo retorno ao bem, a retomada da
graça após o arrependimento e a expiação, nada há que desminta a bondade
de Deus. Deus sabia que eles falhariam, que seriam punidos, mas sabia
também que esse castigo temporário seria um meio de fazê-los compreender
sua falta e viraria a favor deles. Assim se verificaria esta afirmação
do profeta Ezequiel: “Deus não quer a morte do pecador, mas sua
salvação.” * O que seria a negação dessa bondade é a inutilidade do
arrependimento e a impossibilidade do retorno ao bem. Nessa hipótese, é
portanto rigorosamente exato dizer que: “Esses anjos, desde sua criação,
visto que Deus não podia ignorá-lo, foram votados ao mal para sempre, e
predestinados a se tornarem demônios, para arrastar os homens ao mal.”
* Ver acima, cap. VII, n.º 20, citação de Ezequiel.