Revista espírita — Jornal de estudos psicológicos — 1863

Allan Kardec

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O Espírito tiptólogo de Carcassonne mantém sua reputação e prova pelos sucessos que alcança nos diversos concursos em que se apresenta como candidato, o incontestável mérito de suas excelentes fábulas e poesias. Depois de haver conquistado o primeiro prêmio, a Eglantina de Ouro, na Academia dos Jogos Florais de Toulouse, acaba de obter uma medalha de bronze no concurso de Nîmes. O Courrier de l’Aude diz a respeito: “Essa distinção é tanto mais lisonjeira quando o concurso não se restringia a fábulas e poesias, mas abarcava todas as obras literárias.”

Esse novo triunfo certamente pressagia outros para o futuro, pois é provável que esse Espírito não se afaste. Decididamente torna-se um sério concorrente.

Que dirão os incrédulos? O que já disseram quando do sucesso de Toulouse: que o Sr. Jobert é um poeta que tem a fantasia de se esconder sob o manto de umEspírito. Entretanto, aqueles que conhecem o Sr. Jobert sabem que ele não é poeta. Além disto, se ele fosse poeta, o modo de obtenção, pela tiptologia, em presença de testemunhas, afasta qualquer resquício dúvida, a menos que se suponha que ele se oculta, não sob a mesa, mas na mesa.

Seja como for, os fatos desta natureza não deixam de chamar a atenção da gente séria e de apressar o momento em que as relações entre o mundo visível e o invisível serão admitidas como uma das leis da Natureza. Reconhecida essa lei, a Filosofia e a Ciência necessariamente entrarão em nova via.

A Providência, que quer a vitória do Espiritismo, porque o Espiritismo é uma das grandes etapas do progresso humano, emprega diversos meios para fazê-lo penetrar no espírito das massas, meios apropriados aos gostos e às disposições de cada um, considerando-se que aquilo que convence a uns não convence a outros. Aqui são os sucessos acadêmicos de um Espírito poeta; ali são fenômenos tangíveis provocados, ou manifestações espontâneas; além, são efeitos puramente morais; depois, curas que outrora teriam passado por miraculosas e que desafiam a ciência vulgar; produções artísticas por pessoas estranhas às artes. Há os casos de obsessão e de subjugação que, provando a impotência da Ciência nessas espécies de afecções, conduzirão os cientistas a reconhecerem uma ação fora da matéria.

Enfim, teremos necessidade de acrescentar que os adversários da ideia espírita são, nas mãos da Providência, um dos mais poderosos meios de vulgarização? É evidente que sem a repercussão de seus ataques o Espiritismo estaria menos espalhado do que está. Em os convencendo de sua impotência, quis Deus que eles próprios servissem ao seu triunfo. (Ver Revista de junho de 1863).

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