Aforismos Espíritas e pensamentos avulsos
Os bons Espíritos aprovam aquilo que acham bom, mas não fazem elogios exagerados. Os elogios excessivos, como tudo o que denota lisonja, são sinais de inferioridade da parte dos Espíritos.
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Os bons Espíritos não lisonjeiam preconceitos de qualquer espécie, nem políticos, nem religiosos. Podem não atacá-los bruscamente, porque sabem que isso aumentaria a resistência. Há, porém, uma grande diferença entre essa atitude que poderíamos chamar de precaução oratória e a aprovação absoluta dada a ideias muitas vezes as mais falsas, de que se servem os Espíritos obsessores para captar a confiança daqueles a quem querem subjugar, explorando-lhes o ponto fraco.
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Há pessoas que têm uma mania singular: encontram uma ideia perfeitamente elaborada por outro; esta lhes parece boa e, sobretudo, proveitosa; dela se apropriam, dão-na como própria e acabam tendo a ilusão de que são realmente seus autores, chegando a declarar que lhes foi roubada.
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Um dia, um homem viu a realização uma experiência de eletricidade e tentou reproduzi-la. Como não tivesse nem o conhecimento necessário, nem os instrumentos indispensáveis, a experiência falhou. Então, sem ir mais longe e sem procurar saber se a causa do insucesso poderia estar em si mesmo, declarou inexistente a eletricidade e que ia escrever para demonstrá-lo. Que pensar da lógica de quem assim raciocinasse? Não se parece tal criatura ao cego que, não podendo ver, começasse a escrever contra a luz e contra a faculdade de ver? Entretanto, é este o raciocínio que ouvimos a propósito dos Espíritos, por um homem que passa por espirituoso. Vá lá que tenha espírito, mas capacidade julgadora é outra coisa. Ele procura escrever como médium, e porque não o consegue, conclui que não existe mediunidade. Ora, na sua opinião, se a mediunidade é uma faculdade ilusória, os Espíritos só podem existir nas cabeças fracas. Que sagacidade!
ALLAN KARDEC
NOTA: Com o número do mês de janeiro de 1860, a REVISTA ESPÍRITA começará o seu terceiro ano.58