157. A sorte do homem, na vida futura, está irrevogavelmente fixada depois da morte?
A fixação irrevogável da sorte do homem, depois da morte, seria a negação absoluta da justiça e da bondade de Deus, porque há muitos que não puderam esclarecer-se suficientemente na existência terrena, sem falar dos idiotas, imbecis, selvagens e de elevado número de crianças que morrem sem ter entrevisto a vida.
Mesmo entre os homens esclarecidos, há muitos que, julgando-se assaz perfeitos, creem-se dispensados de estudar e trabalhar mais, e não é isto prova que Deus nos dá de sua bondade, o permitir que o homem faça amanhã o que não pode fazer hoje? Se a sorte é irrevogavelmente fixada, por que morrem os homens em idades diferentes, e por que, em sua justiça, não concede Deus a todos o tempo de produzir a maior soma de bem e reparar o mal que fizeram? Quem sabe se o criminoso que morre aos 30 anos, não se teria tornado um homem de bem, se vivesse até os 60? Por que Deus lhe tira assim os meios que concede a outros? Só o fato da diversidade das durações da vida e do estado moral da grande maioria dos homens prova a impossibilidade, admitida a justiça divina, de ser a sorte da alma irrevogavelmente fixada depois da morte.