149. O gênero de morte influi no estado da alma?
O estado da alma varia consideravelmente segundo o gênero de morte, mas, sobretudo, segundo a natureza dos hábitos durante a vida. Na morte natural, o desprendimento se opera gradualmente e sem abalo, começando mesmo antes que a vida esteja extinta. Na morte violenta, por suplício, suicídio ou acidente, os laços são partidos bruscamente; o Espírito, surpreendido, fica como que tonto com a mudança nele efetuada, e não acha explicação para a sua situação. Um fenômeno, mais ou menos constante em tal caso, é a persuasão em que ele se conserva de não estar morto, podendo essa ilusão durar muitos meses e mesmo muitos anos.
Neste estado, ele se locomove, julga ocupar-se dos seus negócios, como se ainda estivesse no mundo, e mostra-se espantado de não lhe responderem, quando fala.
Essa ilusão também se nota, fora dos casos de morte violenta, em muitos indivíduos, cuja vida foi absorvida pelos gozos e interesses materiais. (Ver O Livro dos Espíritos, questão 165. Revista espírita, junho de 1858, O suicida da Samaritana; Idem, dezembro de 1858, Um Espírito nos funerais de seu corpo; Idem, julho de 1859, O zuavo de Magenta; Idem, dezembro de 1859, Um Espírito que não se acredita morto; Idem, março de 1863, François-Simon Louvet, do Havre.)