A mulher é mais finamente burilada que
o homem, o que indica, naturalmente, uma alma mais delicada. É assim
que em condições semelhantes, em todos os mundos, a mãe será mais bela
que o pai, por ser ela que a criança vê primeiro. É para a figura
angélica de uma jovem senhora que a criança volta incessantemente o
olhar. É pela mãe que a criança enxuga as lágrimas e nela fixa o olhar
ainda fraco e incerto. A criança tem, assim, uma intuição natural do
belo.
A mulher sabe fazer-se notada principalmente pela
delicadeza de seus pensamentos, pela graça de seus gestos, pela pureza
de suas palavras. Tudo que dela vem deve harmonizar-se com sua pessoa,
que Deus fez bela.
Seus longos cabelos que se derramam sobre
os ombros, são a imagem da doçura e da facilidade com que sua cabeça se
dobra sem se partir sob as provas. Eles refletem a luz do sóis, como a
alma da mulher deve refletir a luz mais pura de Deus. Jovens, deixai
vossos cabelos flutuarem. Para isso Deus os criou. Tereis a aparência ao
mesmo tempo mais natural e mais bela.
A mulher deve ser
simples no vestir. Ela saiu suficientemente bela das mãos do Criador
para dispensar os atavios. Que o branco e o azul se unam sobre vossas
espáduas. Deixai também que flutuem os vossos vestidos. Que se vejam as
vossas roupagens estender-se atrás de vós numa longa esteira de gaze,
como leve nuvem indicando imediatamente a vossa presença.
Mas o
que representam os enfeites, o vestido, a beleza, os cabelos ondulados
ou flutuantes, enrolados ou presos, se o sorriso tão doce das mães e das
amantes não brilhar nos vossos lábios? Se os vossos olhos não semearem a
bondade, a caridade e a esperança nas lágrimas de alegria que eles
deixam correr, nos relâmpagos que se abrem desse braseiro de amor
desconhecido?
Mulheres! Não temais deslumbrar os homens pela
vossa beleza, por vossa graça, por vossa superioridade. Saibam, porém,
os homens, que para se tornarem dignos de vós, devem ser tão grandes
quanto sois belas, tão sábios quanto sois boas, tão instruídos quanto
sois originais e simples. É necessário que saibam que vos devem merecer;
que sois o prêmio da virtude e da honra, não dessa honra que se cobria
com um capacete e um escudo e que brilhava nas justas e nos torneios,
com o pé sobre a fronte de um inimigo derrubado. Não, mas da honra
segundo Deus.
Homens! Sede úteis, e quando os pobres
abençoarem o vosso nome, as mulheres vos serão iguais. Então formareis
um todo: sereis a cabeça e elas o coração; sereis o pensamento benfeitor
e elas as mãos liberais. Uni-vos, pois, não só para o amor, mas para o
bem que podeis fazer a dois. Que os bons pensamentos e as boas ações
realizadas por dois corações amantes sejam os elos dessa cadeia de ouro e
diamantes chamada matrimônio. Então, quando os elos forem bastante
numerosos, Deus vos chamará para junto dele e continuareis a ajuntar
novos elos. Na Terra eles eram de metal pesado e frio. No Céu serão de
fogo e de luz.
O DESPERTAR DE UM ESPÍRITO
Que bela é a Natureza e como é doce o ar!
Senhor, graças te dou, de joelho a te louvar! Possa o hino feliz do meu reconhecer Como o incenso subir ao Supremo Poder;
Assim, ante o olhar das irmãs em aflição,
Fizeste sair Lázaro do seu caixão;
De Jairo consternado a filha bem amada Foi no leito de morte por ti
reanimada. Também, Deus poderoso, me estendeste a mão; Levanta-te!
disseste, e não falaste em vão.
Por que ser, ai de mim, de
lama um vil arranjo? Eu queria louvar-te com a voz de um anjo; Tua obra
jamais me pareceu tão pulcra!
Para aquele que sai da noite do sepulcro
É que o dia se mostra puro e a luz brilhante, O sol é mais radioso e a
vida embriagante. O ar é então mais doce do que o leite e o mel, Cada
som é uma voz entre os coros do Céu. A voz mansa dos ventos faz uma
harmonia Que se torna infinita e no espaço se amplia.
O que a Alma concebe ou fere os olhos seus,
O que se pode ler sobre o livro dos Céus,
Pela extensão dos mares, nos leitos profundos,
Em todos os oceanos, abismos e mundos, Tudo se curva em esfera e sentimos que dentro
Seus raios convergentes têm Deus como centro. E tu, que o teu olhar planas sobre as estrelas,
Que te ocultas no Céu como um rei, que te velas, Qual é a tua
grandeza, se o vasto Universo É aos teus olhos um ponto, e o espaço
submerso Dos mares é um espelho da tua esplendência?
Qual, pois, tua grandeza, qual a tua essência?
Que tão vasto palácio construíste, ó Rei!
Os astros não separam a nós de ti, bem sei.
O sol rola a teus pés, poder que não se talha, Como o ônix que um príncipe traz na sandália.
E o que mais admiro em ti, ó Majestade,
Bem menos que a grandeza, é tua imensa bondade Que a tudo se revela, luz que resplandece,
E que a um ser impotente escuta e atende a prece.
JODELLE
NOTA: Estes versos foram escritos espontaneamente, por meio de uma
cesta tocada por uma senhora e um menino. Pensamos que muitos poetas
honrar-se-iam de sua autoria. Eles nos foram enviados por um dos nossos
assinantes.