Revista espírita — Jornal de estudos psicológicos — 1858

Allan Kardec

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Conforme havíamos anunciado, damos com este número da Revista o desenho de uma habitação em Júpiter, executado e gravado pelo Sr. Victorien Sardou como médium, e adicionamos o artigo descritivo que o mesmo teve a gentileza de escrever a respeito. Quanto à autenticidade da descrição, seja qual for a opinião dos que nos acusem por nos ocuparmos daquilo que se passa em mundos desconhecidos, quando há tanto que fazer na Terra, rogamos aos leitores que não percam de vista que o nosso objetivo, bem como o que se acha no subtítulo da revista, é antes de tudo o estudo dos fenômenos e que, neste sentido, nada deve ser negligenciado. Ora, como fato de manifestações, esses desenhos são, incontestavelmente, os mais admiráveis, desde que se considere que o autor não sabe desenhar, nem gravar, e que o desenho que oferecemos é uma água-forte feita sem modelo nem ensaio prévio, em nove horas. Supondo mesmo que esse desenho seja uma fantasia do Espírito que o traçou, o simples fato de sua execução não seria um fenômeno menos digno de atenção e, sob esse título, cabe à nossa coleção torná-lo conhecido, bem como a descrição que sobre o mesmo foi dada pelos Espíritos, não para satisfazer à curiosidade das pessoas fúteis, mas como assunto de estudo para as pessoas sérias que querem aprofundar-se em todos os mistérios da Ciência Espírita.

Seria erro pensar que fazemos da revelação dos mundos desconhecidos o objeto capital da doutrina. Isto nunca será para nós mais que um acessório, que consideramos útil como estudo complementar; o principal será sempre para nós o ensino moral e nas comunicações de além-túmulo buscaremos sobretudo aquilo que pode esclarecer a Humanidade e conduzi-la para o bem, único meio de lhe assegurar a felicidade neste e no outro mundo.

Não poderíamos dizer o mesmo com relação aos astrônomos que sondam os espaços e perguntar-lhes qual seria a utilidade para o gênero humano em saber calcular com precisão a parábola de um astro invisível?

Nem todas as ciências têm um interesse eminentemente prático. Entretanto, a ninguém ocorre tratá-las com desdém, porque tudo quanto aumenta o círculo das ideias contribui para o progresso.

Assim se dá com as comunicações espíritas, mesmo quando ultrapassam o círculo estreito da nossa personalidade.


Casa de Mozart - por Victorien Sardou (Médium)

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