12. Os fenômenos espíritas são as mais das vezes espontâneos e se produzem sem nenhuma ideia preconcebida da
parte das pessoas com quem eles se dão e que, em regra,
são as que neles menos pensam. Alguns há que, em certas
circunstâncias, podem ser provocados pelos agentes denominados
médiuns. No primeiro caso, o médium é inconsciente
do que se produz por seu intermédio; no segundo
, age com conhecimento de causa, donde a classificação de
médiuns conscientes e médiuns inconscientes. Estes últimos
são os mais numerosos e se encontram com frequência
entre os mais obstinados incrédulos que, assim, praticam
o Espiritismo sem o saberem, nem quererem. Por isso
mesmo, os fenômenos espontâneos revestem capital importância,
visto não se poder suspeitar da boa-fé dos que
os obtêm. Dá-se aqui o que se dá com o sonambulismo
que, em certos indivíduos, é natural e involuntário, enquanto
que noutros é provocado pela ação magnética.*
Resultem, porém, ou não esses fenômenos de um ato
da vontade, a causa primária é exatamente a mesma e não
se afasta uma linha das leis naturais. Os médiuns, portanto,
nada absolutamente produzem de sobrenatural; por conseguinte,
nenhum milagre fazem. As próprias curas instantâneas
não são mais milagrosas, do que os outros efeitos,
dado que resultam da ação de um agente fluídico, que desempenha
o papel de agente terapêutico, cujas propriedades
não deixam de ser naturais por terem sido ignoradas
até agora. É, pois, totalmente impróprio o epíteto de
taumaturgos que a crítica ignorante dos princípios do Espiritismo
há dado a certos médiuns. A qualificação de milagres
emprestada, por comparação, a esta espécie de fenômenos, somente pode induzir em erro sobre o verdadeiro
caráter deles.
* O Livro dos Médiuns, 2.a Parte, cap. V. — Revue spirite; exemplos:
dezembro de 1865, pág. 370, agosto de 1865, pág. 231.